O caos político do país, muito mais uma crise moral de enorme expressão, tanto na situação quanto na oposição, revela bem nossa condição humana bem medíocre ainda diante dos reais valores da vida humana. A expressiva valorização do ter, do poder, dos abusos sem precedentes gerando toda ordem de corrupção, em violação às sábias leis que regem a vida, geram os quadros que aí estão, causando enorme tristeza e indignação diante do desrespeito à Pátria e à coletividade brasileira.
Mas há um grande responsável pelos quadros que vivemos na sociedade, dentro e fora do país, com ou sem política, na família ou nas empresas. É o egoísmo! Gerado pelo materialismo, é o grande câncer da individualidade humana. Teremos que lutar muito para raspar essas cascas grossas que ainda estão em todos nós. O egoísmo só pensa em si, nas vantagens que pode tirar, sem considerar e respeitar o direito alheio. É o grande abuso à lei de liberdade, é o desrespeito à lei de igualdade, é a agressão à lei de sociedade.
Como imaginar uma luta de interesses próprios em detrimento da coletividade? Só mesmo o egoísmo é capaz disso. Ele, o egoísmo ou o egoísta, só pensa em si e desconsidera a coletividade ou mesmo a pessoa que está ao seu lado ou com quem vive. Essa postura é geradora dos pequenos problemas de relacionamento em família – cite-se o machismo, por exemplo, ou as exigências próprias do personalismo ou do ciúme –, das tragédias diárias passionais ou de classes e mesmo todo tipo de desvio ou corrupção, crime ou suborno, agressões de qualquer espécie ou violências em geral.
O que não dizer então das ilusões do poder, das disputas descabidas por pontos de vista ou ideologias? Quanta ilusão! Esquecemo-nos de um detalhe fundamental: embora sejamos imortais como filhos de Deus – e isso acarretará inevitavelmente um encontro com a própria consciência que exigirá reparação dos danos que causamos –, somos mortais na vida material e deixaremos tudo aqui, desde os títulos, patrimônio, nome, posição social, cargos e tudo mais que, equivocada e ilusoriamente, achamos dominar. Pensamos que mandamos alguma coisa…
Ainda não é possível unirmo-nos na fraternidade. Falta muito ainda para isso. Fossemos mais coerentes com o que já sabemos e estaríamos unidos – situação e oposição, não só na política, ressalte-se – em prol de um mundo melhor, na e com a fraternidade.
Mas como estamos egoístas, falta aprendizado. Que só o tempo trará!
Felizmente, porém, tudo isso representa apenas um estágio de aprendizado – duro embora – que vai passar quando assimilarmos a lição.
Será de extrema utilidade buscarmos O Livro dos Espíritos para um estudo dos capítulos que se referem à Lei de Sociedade (perguntas 766 a 775), à Lei do Progresso (perguntas 776 a 802) e especialmente as questões 860, dentro da Lei de Liberdade e 877 na Lei de Justiça, de Amor e de Caridade. Mas a ampliação do entendimento será alcançada mesmo pelo estudo atento dos 33 itens do Código Penal da Vida Futura, constante do livro O Céu e o Inferno, ou ainda para buscarmos a necessária evangelização pessoal e coletiva que tanto precisamos; um bom estudo da Parábola dos Talentos e mesmo a leitura e reflexão das belas lições trazidas pelo capítulo XI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, nos itens 8 a 10, assinados pelos Espíritos Lázaro, Fénelon e Sansão.
Especificamente, porém, o estudo da mensagem O Egoísmo – constante dessa última obra em referência, no mesmo capítulo, item 11, assinada por Emmanuel, que afirma: “(…) é preciso mais coragem para vencer a si mesmo do que para vencer os outros. Que cada um, pois, coloque todos os seus cuidados para combatê-lo em si, porque esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias deste mundo. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens (…)”.
Orson Peter Carrara
Nenhum comentário:
Postar um comentário