segunda-feira, 16 de abril de 2012

ABORTO

Opinião sobre Aborto - Artigo de Fábio Duarte


Eu sei que muitos Espíritas podem estranhar minha opinião em relação ao aborto, principalmente nos casos que repercutiram esta semana na imprensa.
Minha opinião se baseia no direito universal das tomadas individuais de decisões. Algo que compete a cada ser vivo do planeta e de outros, para decidirem que colheita será feita no futuro. Muitos de nós (Espíritas)  estamos  incorporando ou  readequando  o modo “cristão” de direcionar as mentes. Isto pode, isto não pode, isto é pecado, ou melhor, isto é equivoco, isto nos levará ao inferno, umbral, ou desequilíbrio mental pós vida de carne, etc, etc.
E o interessante é que vemos  a  todo  momento  entre os Espíritas muitos alardearem que Espiritismo não impõe nada, apenas instrui, então porque esta insistência em querer ditar regras e normas de vida para as pessoas, como se fossemos iguais?
O aborto é sim um assassinato, isto não há a menor sombra de dúvidas, mas e a confusão  que cada ser está exposto neste momento? Como medir isto? Como dizer para uma vítima de estupro que Deus irá castigá-la, ou que uma mãe que contrai AIDS, que seu filho vai nascer sem riscos, ou aquelas mulheres que são expostas a uma pressão absurda de pessoas com mentes arcaicas onde a única alternativa é eliminar o problema, e mesmo nos casos que para nós aparenta ser superficial, para o ser em questão não é tão fácil discernir o que é certo ou errado, graças ao meio em que vive. Ou vocês acham que tomar esta decisão é fácil? O sofrimento que esta envolvido neste processo é algo tremendo, e o pós  aborto também é algo que fica pra sempre, as mães, excetuando claro aquelas que estão sob efeito de agentes externos que a incapacitam de repercutir as próprias decisões.
Veja alguns relatos:
Joana de Souza Schmitz, 29 anos, engravidou da primeira filha em 2008. A gestação, segundo a jornalista, foi planejada e chegou mais rápido que o esperado. Mas a surpresa maior veio quando se completaram as 12 semanas de gravidez – o feto foi diagnosticado com anencefalia, um tipo de malformação rara do tubo neural.
 “A médica imediatamente falou de ambas as opções [abortar a criança ou seguir com a gestação], mas a gente já sabia que queria continuar com ela. Ela estava viva e havia uma esperança”, contou, em entrevista à Agência Brasil. Apesar dos relatos médicos de que o feto não seria compatível com a vida, o bebê recebeu o nome Vitória de Cristo e completa 2 anos e 2 meses de vida na próxima sexta-feira (13).
A menina nasceu com 1,775 quilo e 38 centímetros. Aos quatro meses, enfrentou uma cirurgia de fechamento do crânio, na tentativa de reduzir os riscos de infecção. “Desde que veio para casa, surgiram outros desafios. É uma criança com uma deficiência neurológica grande, mas ninguém a trata como caso perdido”. Atualmente, Vitória faz fisioterapia, fonoterapia, come alimentos sólidos e reage a estímulos por meio do uso de música e brinquedos.
“A conclusão a que a gente chega é que ela tem muita vontade de viver. Ela sente esse amor e é uma alegria ver que ela quer ficar com a gente. Não obrigamos Vitória a nascer e a viver. Foram cuidados paliativos que tomamos e ela sempre respondeu muito bem”, disse Joana. “Durante a gravidez, senti que era melhor continuar. Já a amávamos antes do diagnóstico e esse amor não podia mais diminuir.”
Patrícia Oliveira*, 32 anos, também precisou tomar uma decisão depois de receber a notícia de que o bebê que carregava na primeira gestação não sobreviveria. Na época, com 29 anos, a executiva de eventos esperava saber o sexo do bebê quando recebeu o diagnóstico de anencefalia do feto. “Naquele momento, eu desabei. O chão se abriu”, contou. Poucos dias depois, aos três meses de gestação, ela optou por interromper a gravidez.

Os pais de Patrícia vieram de São Paulo para acompanhar todos os procedimentos médicos a que a filha seria submetida. Ela precisou tomar medicamentos para induzir o nascimento do feto. Ao todo, foram 24 horas de trabalho de parto. O obstetra que cuidou do caso não permitiu que uma cesariana fosse feita para que a cicatriz física não existisse.
“Me perguntaram se eu queria ver o bebê, mas eu estava com o rosto virado. Senti apenas o contato com a pele. Pedi que não fosse feita biópsia e que ele fosse despachado junto com o lixo hospitalar.”

Depois do parto, como a placenta não havia sido expulsa, Patrícia passou por uma curetagem. Ao final, ela teve de amarrar uma faixa para que os seios não crescessem e tomou remédio para secar o leite. Passados quase três anos, Patrícia hoje se arrepende de ter feito o aborto. “Enfrentaria os nove meses para ficar com ele por uma hora ou por alguns minutos. Mas a mulher tem que ser muito corajosa, muito autossuficiente para isso. Não seria fácil, seria uma luta diária, uma barra, como quem tem filho com paralisia infantil”, disse.
Já a microempresária Cátia Corrêa, 42 anos, defende com firmeza a decisão que tomou há 20 anos, quando interrompeu a gestação do filho que esperava, diagnosticado com anencefalia. Um ultrassom, feito no 5º mês de gravidez, identificou a malformação, além de deformações na coluna vertebral, nas pernas e nos braços do bebê.
“Meu mundo parou. Os médicos falavam, mas eu já não ouvia nada. Eles diziam que ou morreria na barriga ou nasceria e morreria no parto”, contou. Cátia foi a primeira mulher no estado de São Paulo a conseguir uma autorização judicial para abortar um feto com anencefalia. “É uma sensação muito ruim a de querer o seu filho e saber que ele vai nascer morto. Entrar na Justiça foi minha melhor decisão”, completou.
Passados quatro anos, ela decidiu engravidar novamente. Atenta a todas as precauções, a empresária tomou ácido fólico durante os três meses que antecederam a gestação e nos quatro meses seguintes. Montou o quarto do bebê, fez enxoval e se preparou para a chegada da filha. No oitavo mês, um ultrassom que não havia sido feita anteriormente por falta de plano de saúde identificou anencefalia no feto.
“Morri mais um pouco naquele dia. Saí de lá e não via nada, só chorava. Não tinha o que fazer, tinha que esperar nascer. Passados alguns dias, entrei em trabalho de parto”, relatou. A criança morreu em seguida. Cátia engravidou uma terceira vez, mas sofreu um aborto espontâneo. Hoje, vive com o marido e os quatro filhos que adotou – dois meninos de 9 e 10 anos e gêmeas que completam 5 anos em maio.
“Faria tudo de novo. Ainda sou contra o aborto quando a mãe não quer o bebê. Acho um absurdo porque muitas mulheres querem e não podem. Mas digo, sim, para o aborto de anencéfalo, pelas minhas próprias dores.”
O respeito as individualidades é essencial só que as religiões apelam para pensamentos arcaicos e ultrapassados ignorando o sentimento humano, tratando a todos como se fossemos obrigados a respeitar dogmas punitivos. A Doutrina Espírita é clara neste ponto em SUGERIR que sigamos certos passos para que abreviemos nossas dores.
O Livro dos Espíritos -) 358. O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção?
– Há sempre crime, quando se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.
360. E racional ter pelos fetos o mesmo respeito que se tem pelo corpo de uma criança que tivesse vivido?
– Em tudo isto vede a vontade de Deus e a sua obra, e não trateis levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da Criação, que às vezes são incompletas pela vontade do Criador? Isso pertence aos seus desígnios, que ninguém é chamado a julgar.
Mas a maior lição está nesta questão, seja qual for o desfecho da decisão tomada pelos pais:
356 . Há crianças natimortas que não foram destinadas à encarnação de um Espírito?
- Sim, há as que jamais tiveram um Espírito destinado aos seus corpos: nada devia cumprir-se nelas. É somente pelos pais que essa criança nasce.
Quem somos nós então para sairmos decidindo o que está certo, ou que é está errado, as leis humanas são criadas para permitir o bem coletivo, e se nossos legisladores abrem brecha para que as pessoas pensem a respeito de seus futuros, os permitindo tomar suas decisões, porque os religiosos que deveriam divulgar o amor que Jesus nos trouxe, alastrar o ódio e repúdio?  E o mais triste é que os Centros Espíritas estão assumindo tal papel em vários momentos, causando terror e pânico nas pessoas já fragilizadas que buscam amparo e conforto nestes ambientes.
Se alguém vier até mim perguntando sobre o tema, sendo alguém de meu circulo familiar, social, direi que reflita, leia os mais sábios que eu e tome suas próprias decisões e ou impressões, tentaremos demovê-lo(a) para que prossiga, para que pense neste Espírito que necessita de oportunidades tanto quanto nós. Mas como direcionar uma mente inquieta e confusa? Podemos sim ilustrar segundo o que Kardec nos deixou, mas impor nossa vontade, nossa decisão é um ultraje.
Emmanuel usando de seu companheiro Francisco Cândido Xavier nos trás esta mensagem:
Aborto Delituoso
Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião. 
Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais… 
Furtos espetaculares que inspiram vastas medidas de vigilância… 
Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez criam a guerra de nervos, em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinqüência, erguem-se cárceres e fundem-se algemas, organiza-se o trabalho forçado e em algumas nações a própria lapidação de infelizes é praticada na rua, sem qualquer laivo de compaixão. 
Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza… 
Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. 
Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes que possam sorrir para a bênção da luz. 
Homens da Terra, e sobretudo vós, corações maternos chamados à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho! 
Fugi do satânico propósito de sufocar os rebentos do próprio seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência, assomantes no lar em vosso próprio socorro, e, se não há legislação humana que vos assinale a torpitude do infanticídio, nos recintos familiares ou na sombra da noite, os olhos divinos de Nosso Pai vos contemplam do Céu, chamando-vos, em silêncio, às provas do reajuste, a fim de que se vos expurgue da consciência a falta indesculpável que perpetrastes.
Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Do livro: Religião dos Espíritos

Percebam que Emmanuel mostra o lado da vítima indefesa, mas não nos esqueçamos que mesmo nas adversidades as lições são dadas por nosso Pai, e que através disto grandes pessoas possam renascer de uma existência sem expressão, trazendo a tona “homens novos”. E se bem aprendida a lição, divulgadores de uma boa nova que é a valorização da vida.

E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.

(Lucas 23;41-42)


Reconheceremos nossos equívocos, e trilharemos uma nova “vida” de acertos